O romance conta a história de cinco personagens na luta pela
sobrevivência. Fabiano, Sinhá Vitória, menino mais velho, menino mais
novo e a cadela Baleia são cinco almas que se confundem com milhares
de tantas outras espalhadas pelo Nordeste brasileiro. Com um
importante objetivo: Fugir da estiagem em busca de sustento.
Vidas Secas mostra uma história que continua latejando na literatura
brasileira, como uma ferida aberta pela miséria e pela seca no sertão
nordestino.
O romance que narra a jornada de uma família de retirantes é
considerado a obra mais representativa do regionalismo do século XX. A
luta desumana dos fugitivos da seca, viajando para o sul na tentativa
de escapar dos rigores do sertão, é o retrato mais brutal das
desgraças a que estão submetidos muitos nordestinos.
Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos, seguidos pela cachorra
Baleia, vagam de fazenda em fazenda, percorrendo quilômetros de terra
rachada, em busca de um pedaço de chão que lhes dê o que comer. São
criaturas jogadas ao extremo da miséria, vestem-se com roupas sujas e
rasgadas, não possuem comida, saúde e nem futuro.Como se já não fossem
muitas as adversidades, os retirantes ainda sofrem com a prepotência
do fazendeiro enganador e com as injustiças de uma estrutura
sociopolítica decadente.
Graciliano Ramos não só desnudou as incongruências sociais do sertão
nordestino como também revelou o íntimo de seus personagens. Em Vidas
Secas, ele demonstra o estrago que a vida de privações provoca na
maneira como suas criaturas vêem o mundo, os bichos e as coisas. Faz
uma profunda análise psicológica, buscando sempre investigar o homem e
seus dramas individuais. Sonhos, angústias, desejos.
É como se cada um tivesse seu momento no divã. Tudo vem à tona de modo
retalhado, mas sempre deixando clara a condição de impotência dos
personagens diante do mundo e de si mesmos. Graciliano disseca as
dores dos condenados do sertão, mostrando quão embrutecidos ficam os
homens diante de um mundo que lhes nega tudo.
A situação subumana de vida dos retirantes explica a importância dada
a sonhos aparentemente tão banais. É o caso, de Sinhá Vitória, que
deseja profundamente uma cama de lastro de couro, onde possa dormir
como gente de verdade. Para ela, uma cama talvez redimisse a
condenação de uma existência miserável.
O ponto de ligação entre todos os personagens é a luta pela
sobrevivência. Fabiano e sua família não dominam a linguagem verbal.
Embrutecidos falam pouco.
Outro fato a destacar na obra é o fato dos filhos do casal não
possuírem nomes. Na mesma proporção que Graciliano animaliza as
pessoas em sua obra, o autor humaniza os bichos. A cachorra que os
acompanha é tratada como gente, possui nome e até sonhos próprios.
O universo apresentado por Graciliano Ramos é envolvido por enredos
que abordam a seca, o latifúndio, o drama dos retirantes, a caatinga.
As vidas secas que habitam o romance são seres oprimidos, fabricados
pelo meio.
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